Brasil

Não merecemos isso. Ou merecemos?

Nunca antes neste país, como diria Lula, se viu e ouviu uma sessão tão explícita de constrangimento e vergonha como a do Senado esta tarde.
A última manobra de Renan - mandando o processo de volta para o Conselho de Ética sem passar pela aprovação do plenário para não configurar um pré-julgamento - deu errado de novo. A sessão virou uma pré-julgamento de voto e palavra aberta, exposta, ao vivo e a cores, sobre a impropriedade de Renan na presidência.
É um consenso nacional que só um político esquizofrênico, que hoje é a melhor definição de Renan, se recusaria a ouvir. Renan virou um kamikaze político, irresponsável, sem vergonha na cara, que resolveu arrastar o Senado Federal para suas desventuras extra-conjugais, empresariais, bovinas e pecuárias.
Nunca, antes, se viu um político usar de forma tão descarada o cargo e o encargo de presidente do Senado para se blindar politicamente. Quando Renan começou a se defender, nos discursos de Virgílio e Tasso, sentado impávido na sua cadeira, voltou a exorbitar de sua força e poder.
Isso nunca foi feito antes, na democracia ou na ditadura. Presidente nunca fala de sua cadeira. Só fala sobre o Regimento, arbitrando a sessão, dando e cortando palavras e oradores. Só, nada mais. Se quiser falar, além do Regimento, deve sair da cadeira e ocupar a tribuna, como fazem todos os outros 80 senadores.
Nem ACM, nem Jáder, nem Sarney, nem Passarinho, nem Auro de Moura Andrade, nem Filinto Muller, nem Moacyr Dalla, nem Humberto Lucena, nem Magalhães Pinto, nem Petrônio Portella, nenhum deles, ninguém teve a cara de pau que tem hoje Renan.
O estilo daqui-não-saio, daqui-ninguém-me-tira, é uma reação que contraria o senso, o bom-senso e o consenso nacional. Renan, hoje, é um motivo de vergonha nacional. O Brasil não merece isso. Ou merece? (Ricardo Noblat)

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