Ponto de vista

O significado do momento

A cidade vive sua Tensão Pré Eleitoral. O vai-vem dos boatos e buchichos revela o elementar, meus caros. Nesta época alguns querem dividir para aparecer, outros aparecer para dividir. É o jogo de cena que vale, ou o jogo da matreira sabedoria mineira que nos ensina que em política a versão é mais importante do que o fato. Vamos então, criar versões!
A temperatura nessas movimentações vai subir muito até setembro próximo quando, por força da ridícula legislação eleitoral brasileira, um dos restos mortais da ditadura ainda não enterrados, encerra-se o prazo para as filiações partidárias daqueles que pretendem disputar cargos eletivos em outubro de 2008.
Durante um ano não se poderá mais mexer nos partidos. Se no calor dos debates os escolhidos mostrarem fraqueza e os excluídos mostrarem força, teremos que escolher um fraco e ficar com ele pelos próximos quatro anos. Preservam-se assim os currais eleitorais dos velhos coronéis da política brasileira.
Os conchavos escolherão como candidatos a serem postos à disposição do voto popular aqueles que se mostrarem mais ladinos, mais espertos, mais poderosos, mais arrastadores de votos. São muitos os pré-requisitos, falsos ou não, mas sempre de caráter pessoal, raramente de programa ou competência. A isso chamam “fazer política”.
Será que política é isso? Se for, podemos dizer que política é a arte de perenizar a mediocridade, a falta de idéias, a defesa de interesses pessoais.
No Partido Verde achamos que fazer política é a arte de tornar possível o que é necessário. Para definir o que é necessário, nesta fase final das filiações partidárias não nos interessam nomes e sim programas, não nos interessam metas eleitorais e sim metas de ação. Ao PV interessa discutir quais são as metas de desenvolvimento econômico, social e urbano que se pretende para Ubatuba.
O momento aponta também para a necessidade da comunidade construir uma postura ativa diante do processo eleitoral e, talvez o desalento dominante nas forças vivas da cidade possa ser o estopim de uma virada de métodos. É morrer ou reagir.
Empresários, profissionais liberais, comerciantes, todos somos prisioneiros tradicionais do poder público. Dificuldades na obtenção de licenças, achaques, concessões ilícitas, descumprimento das leis, favorecimentos, criação de leis casuísticas e tantas outras situações ilegais infelizmente já são aceitas como naturais e constituem-se na grande rede que nos aprisiona e à qual uns já estão acostumados, outros não se deram conta de sua existência e muitos dela vivem, tiram proveito e a alimentam.
Como resultado o município não cresce, se arrasta.
Temos que mudar, e temos como mudar. A cidade consumiu meses de trabalho árduo na discussão do seu plano diretor. Como um dos seus responsáveis, estou à vontade para afirmar que ele contém todo o ideário e instrumentos necessários para o desenvolvimento correto do município, referendados através de incontáveis reuniões com a comunidade e o registro de inúmeras contribuições populares incorporadas à lei.
Uma vez sancionada a lei do plano diretor, nada mais resta senão a implantação dos procedimentos administrativos, políticos e comunitários ali previstos. É uma imposição legal e não um favor que nos faz o poder público.
A plataforma básica de trabalho para a próxima gestão do município só pode ser o plano diretor. Ele é obrigatoriamente o ponto de partida da organização e do crescimento das cidades determinado pela legislação federal como forma de garantir aos cidadãos menos improvisos e amadorismo na condução dos municípios.
Ao invés da discussão de nomes em torno de promessas gratuitas de campanha enfeitadas pelo volúvel gogó dos candidatos, os partidos políticos e as organizações da comunidade deveriam promover seminários para selecionar prioridades de ação e métodos de trabalho articulados pelas metas criadas no plano diretor. Não seriam promessas, mas compromissos partidários com o povo desta cidade.
É essa a modernidade que Ubatuba precisa. É essa a atitude que se espera dos homens públicos. É essa atitude construtiva que poderia ser tomada pelos empresários, profissionais liberais e os comerciantes da cidade.


Renato Nunes
Vice Presidente da Comissão Executiva do Partido Verde de Ubatuba

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu