Brasil

Blindagem no Conselho de Ética

Editorial de O Estado de S.Paulo, hoje:
"É claro que não se esperava, mesmo, que o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) fosse se debruçar com afinco no estudo dos indícios que levaram à representação do PSOL contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, por quebra de decoro. Afinal de contas, o provecto senador, que nem estava presente na reunião do Conselho de Ética que o designou para relator do caso, já dissera que não pleiteara “aquele abacaxi” e teria preferido ficar pescando no Maranhão. Mesmo assim não deixou de ser extremamente constrangedor, para a imagem daquela Casa - e nisso dizendo o menos -, a rapidez com que Cafeteira procurou engavetar o processo, sem ouvir testemunhas, sem determinação de perícia em documentos ou o que mais servisse para esclarecer de vez se Calheiros recebeu ou não recursos da empreiteira Mendes Júnior, por intermédio do seu lobista Cláudio Gontijo, para a despesa pessoal de prestação de alimentos.
Aliás, é a primeira vez, desde que existe aquele Conselho, há 14 anos, que se tenta uma absolvição prévia por rito sumário - e esse ineditismo deve se estender a quantos Legislativos possuam uma instância interna de aferição do comportamento ético de seus integrantes. É aberrante que se dispense de qualquer investigação uma denúncia grave, que atinge em cheio a reputação daquele que comanda a instituição. O mínimo que se esperava é que fossem convocados a prestar depoimento, naquele Conselho, os envolvidos na questão, a saber: a jornalista Mônica Veloso, o lobista Cláudio Gontijo e o próprio senador Renan Calheiros. Mas mais aberrante ainda foi a forma como o relator Cafeteira endossou integralmente a argumentação da defesa de Calheiros, no sentido de que o presidente Renan e o Senado seriam “inseparáveis”, razão por que suspeitar do senador é o mesmo que “agredir e desonrar a Casa”."

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