Ubatuba

Um bom caminho

Arquiteto Renato Nunes
Vendo a lua cheia inundar de luz e poesia a quase totalidade da orla da cidade não pude deixar de parar, sair do automóvel e caminhar lentamente pela nova calçada da avenida Iperoig. Sua luz passava direto por onde antes era um depósito de entulho cheio de ferros, roda gigante, barracos, urinatório e lixo, apelidado de parque de diversões. Deixava ver o mar como uma grande lagoa iluminada, visível desde o jundú. O espaço visual expandiu-se, nem parecia aquele cenário desolado fruto de tretas e mutretas durante tanto tempo. Inventavam sempre a desculpa de que o trambolho estava ali porque as crianças gostam, como se criança precisasse de lugar especial para se divertir. Explicação descabida. Nunca entendi porque os comerciantes da avenida que pagam caro pelo local de frente para o mar que escolheram para seu negócio não protestavam, aceitando tudo aparentemente numa boa. Deviam ter bons motivos para isso.
Como a esperança é o meu ingrediente de trabalho, espero que o exemplo frutifique. Ocupar lugar público por escolha pessoal do interessado foi uma prática que a cidade já não comporta. Desobstruir a orla desprivatizando sua ocupação é o caminho.
O Prefeito Eduardo César está certo. Se mantiver a mesma determinação removendo os entulhos ambulantes e os fixos até hoje ancorados na desculpa individualista da geração de renda familiar, poderá marcar a história deste município com o “antes e o depois” do parquinho.
Está na hora de todos nos envolvermos com a análise do porque a cidade regride, as casas estão à venda e não há compradores, a inadimplência no comércio e no IPTU é grande. Conseguimos espantar os turistas, nossa verdadeira fonte de renda. Foram para outras cidades que abriram os olhos e vincularam o bem público ao interesse coletivo que promove o progresso. Isso se chama planejamento em torno de metas. As metas coletivas estão acima dos interesses pessoais.
Observando o sensacional espaço livre deixado com a saída do trambolho fico imaginando a desgraça que teria sido a construção da cobertura da fêrinha ripi com sua lona de 80 metros de comprimento sustentada por três pirulitos de 14 metros de altura...
Que o exemplo, que fala mais alto do que qualquer argumento, permita que a lua inunde com sua luz a totalidade de nossa orla, para alegria e benefício de todos.
É disso que o turista gosta.

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