Ubatuba em foco

“Vários pesos sem medidas”

“Nenhuma medida sensata, isonômica e coerente”

Corsino Aliste Mezquita
Não tenho opinado sobre o Parque Trombini. Nunca me manifestei a favor ou contra. Nos últimos vinte e quatro anos ocupando o mesmo espaço, a circunstância que, segundo José Ortega e Gasset, faz parte de nosso EU, me permitiu observar que: o Sr. Proprietário teve ganhos vultosos, fez muitos amigos, milhares de apoiadores elogiaram suas atividades, manteve alguns empregados permanentes e dezenas de temporários, divertiu, com segurança, centenas de milhares de crianças, jovens e adultos, prestou alguns favores para a comunidade (creche, auxílio à Santa Casa, programas especiais para crianças carentes no Parque, atendimento às escolas, etc.) e foi, extremamente, generoso nas propinas, gorjetas e benesses às extorsões políticas. Alguns que praticaram essas ações o corresponderam com o bálsamo do arquivamento da Ação Popular de cobrança dos impostos atrasados e de outros processos afins. Outros, quando a fonte secou, o “propinaram” com o veneno da ingratidão misturado com sorrisos rojões e gritos de vitória.
Em todo esse affaire, caso, acontecimento ou imbróglio quem será o vitorioso?. O tempo dirá. Certamente não será o município de Ubatuba e seus munícipes.
Alguns afirmam que o Parque Trombini deixará saudades. Outros estão tristes. Terceiros reclamam dos modos. Há os que estão vendo uma repetição do arranque da amendoeira centenária. Precipitação e circo.
Neste momento só podemos afirmar que a frase pronunciada pelo Sr. Eduardo de Souza César, na Rádio Costa Azul, aos 15 de fevereiro de 2006: “Estamos dando 72 horas para o parque (Trombini) encerrar as atividades dele”, demorou a ser efetivada. As 72 horas custaram a passar.
Sei que é utópico pedir coerência, racionalidade, respeito à lei que juraram cumprir, isonomia de tratamento aos casos semelhantes, dos atuais ocupantes dos poderes municipais. Como recordar não prejudica ninguém, a título de lembrança, citaremos dois parágrafos do Ofício da Gerência Regional do Patrimônio da União, ao Sr. Prefeito Municipal de Ubatuba, aos 28 de junho de 2006, proibindo a cobertura da FEIRA HIPPIE. Após as razões técnicas para proibir a cobertura assim manifesta:
“Por se tratar de cobertura para abrigar a FEIRA HIPPIE, ou seja, com finalidade comercial, não existe possibilidade de fazer cessão gratuita da faixa de marinha a esta prefeitura para implantação deste equipamento”.
O Patrimônio da União não pode ceder à Prefeitura “faixa da marinha” para atividades comerciais. Conseqüentemente a Prefeitura não possui autoridade para autorizar a Feira Hippie, no local em que se encontra; quiosques em diversas praias; marinas e postos de gasolina, no Saco da Ribeira; o Parque Radical Roater Jet, na Maranduba; invasões, no Ubatumirim e outros absurdos que estão acontecendo, no município, sob o olhar complacente e omisso da administração do “nunca antes”. Voltando ao ofício:
“Acresce-se a esta questão o Projeto Orla que prevê a gestão compartilhada entre diferentes órgãos federativos e a sociedade civil, conforme Plano de Gestão executado por essa prefeitura, na resolução dos conflitos territoriais de orla marítima. Trata-se de um fórum permanente de discussão das ações executadas na orla marítima com o objetivo de articular as intervenções a serem implementadas de acordo com as diretrizes do Plano de Gestão. Portanto, todas as ações a serem propostas por esta prefeitura na orla marítima, principalmente na faixa de marinha, deverão estar em conformidade com os preceitos do Projeto Orla”.
Não cabe dúvida que havendo seguido as orientações acima não teriam sido cometidos os descalabros que vitimaram a praia do Perequê-Açu, a quebradeira da Av. Iperoig, o desperdício de materiais, os erros já praticados e outros em andamento e, a avaliação do burgomestre, seria mais positiva que a que corre de boca em boca. Como já concluímos em artigo anterior: “Mas o presente que atropela e esmaga o passado só terá, no futuro, sua própria mediocridade a exibir. Se tiver futuro”. (Rui Castro)

Ubatuba 30 de abril de 2007

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