Ubatuba em foco

“As verdades que incomodam”

Vivemos dias nebulosos e preocupantes, na Ubatuba da epidemia da dengue


Corsino Aliste Mezquita
Após assistirmos ao brilhante, esclarecedor, educativo e revelador seminário: “DENGUE EM UBATUBA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE, QUALIDADE DE VIDA E TURISMO”, promovido e coordenado por: UNITAU, PROJETO TAMAR-IBAMA E ACIU, percebemos que, a epidemia da dengue que assola Ubatuba, é, infinitamente, mais grave do que, nossos administradores da saúde pública do município, pretendem passar para os cidadãos.
Todos os palestrantes insistiram na gravidade. O Dr. Fernando S. Bergel, nas considerações finais, afirmou: “Para cada caso confirmado existem outros cinco que não são registrados”. Isso coloca Ubatuba em situação alarmante, crítica, de caos sanitário. Nossos administradores da saúde não podem ignorar os perigos, conseqüências e implicações dessa epidemia. Outras doenças graves podem surgir como conseqüência da dengue. Os palestrantes alertaram para algumas particularmente graves: hepatite, cefaléia, perturbações no sistema nervoso central, etc.
Foi assustador, revoltante e de indelicadeza política de sua parte, ouvir, do Sr. Eduardo de Souza César, Prefeito Municipal, que, a dengue tinha diminuído 20%, nos últimos quinze dias e que para isso tinha contribuído a ajuda do deputado que ele apoiou na última eleição.O citou nominalmente.
Após esse desrespeito ao público presente, por parte do Sr. Eduardo de Souza César, os expositores o desmentiram e provaram que esse aparente declínio, dos casos da dengue, deve-se a alguns fatores:

falta de condições, na estrutura da saúde pública municipal, para atender com prontidão e qualidade as solicitações;

por essa falta de estrutura grande número de doentes não procuram o SUS, os postos do PSF e a Santa Casa;

são procurados, preferencialmente, os convênios, por aqueles que os possuem;
doentes mais graves se deslocam para outros municípios;

grande parte não procura atendimento médico;

aqueles que, já foram infectados pelo vírus n° 3, que predomina em Ubatuba, estão temporariamente imunizados contra esse vírus.

A conclusão foi que, o momento, é particularmente grave e ações enérgicas, urgentes e constantes são necessárias.
Lamentável constatar que o município de Ubatuba:

não possui “Plano de Saúde Pública” para o município;

não existe “Plano de Emergência” para minorar a epidemia;

o Sr. Secretário de Saúde, presente ao evento, não teve uma palavra de esclarecimento sobre o que está pronto para execução imediata;

o Sr. Prefeito não esteve presente, até o final dos trabalhos, para receber as sugestões, indicações e reivindicações dos líderes comunitários presentes até o término dos trabalhos.

Os líderes comunitários manifestaram a reivindicação de um programa de guerra ao mosquito, envolvendo toda a comunidade, bairro por bairro, durante trinta dias consecutivos, e utilizando toda série de recursos e procedimentos disponíveis, para matar os mosquitos que já estão voando pela cidade e eliminar os criadouros que se encontram nos logradouros públicos e nas propriedades privadas.
As verdades, claras e incontestes, surgidas, naturalmente, no transcorrer dos trabalhos e as comparações com o que está se fazendo em Ubatuba, incomodaram o burgomestre e, logo, retirou-se do plenário. Os comissionados convocados seguiram o mesmo caminho. Ficaram dois representantes oficiais da Prefeitura que, infelizmente, nada podiam oferecer ou prometer. Os, aproximadamente, cem cidadãos, que permaneceram até o final dos trabalhos, não tiveram a quem recorrer. Lamentável.
Parabéns para os organizadores, coordenadores e expositores. O seminário foi maravilhoso, de alto nível técnico, respeitoso com cidadãos e instituições. Digno do prestígio das entidades que o promoveram. As verdades incomodaram alguns. Os organizadores contribuíram para uma Ubatuba melhor.

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