Reflexões

O que é o tempo?

As coisas mudam com o passar do tempo. Desde criança ouço essa frase, mas no último sábado passei algum tempo meditando sobre o tema e a razão foi a “sessão da tarde” do canal MGM. Momentaneamente me veio à cabeça o ano de 1972 e o burburinho causado pelo lançamento, na Europa, do “Último Tango em Paris”. Que escândalo! No Brasil dos milicos carrancudos nem pensar. Nosso povo não estava preparado. O filme era uma manobra subversiva que visava solapar a integridade da família brasileira. Tivemos de esperar dez anos para ver a obra, que na verdade é do gênero papo-cabeça, pra lá de chato. Pois não é que no último sábado eu assisti a alguns trechos do filme na sessão da tarde. Eu disse alguns trechos, não sou masoquista, quando vi pela primeira vez, no cine Bijou, na praça Roosevelt, depois de esperar horas na fila, saí do cinema com um sentimento que ia do deprimido ao decepcionado. Voltando ao presente, enquanto estava na varanda conjeturando lembrei-me de uma festa de aniversário dos anos sessenta. Num certo instante ouvi o pai de uma garota dizer autoritário que a filha estava proibida de assistir “A primeira noite de um homem”. Muito forte. Dias depois, na cama do motel, perguntei à garota sobre o filme. Ela gostou, até comprou o disco com a trilha sonora. Assistiu escondida do pai, que pensou que ela tivesse ido ao cinema ver “A noviça rebelde”. Os tempos realmente mudam ou somos nós que mudamos? Outro dia encontrei a garota, hoje beirando os sessenta. Parece a Camilla Parker Bowles, aquela gracinha casada com o príncipe Charles, apenas um pouquinho mais gorda. O que terá ela pensado de mim? (Sidney Borges)

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