Editorial

Eu desprezo...

Acabei de receber uma apresentação em Power Point com músicas de Glenn Miller. Fiquei com uma sensação nostálgica, um misto de saudades e tristeza, saudades da juventude e tristeza por ter sido enganado durante toda a vida. Eu tenho recordação dos ensinamentos que recebi em casa. Meus pais, avós, tios e professores me ensinaram a cultivar virtudes como honestidade, respeito ao próximo, apreço pelo trabalho, luta limpa e sincera para conseguir resultados e amor ao país, uma terra pacífica e plena de oportunidades. Eu acreditei. E pautei a minha vida por esses princípios. Lutei muito, errei muito, acertei menos, mas jamais, em toda a minha existência peguei um centavo que não fosse meu, jamais aceitei propina, nunca corrompi e nunca me deixei corromper. Tenho desprezo, profundo desprezo por pessoas que ao atingir cargos de responsabilidade se deixam seduzir pela cobiça e vendem a alma ao diabo. Eu odeio corruptos, corruptores e intermediários da corrupção. Gostaria de ver todos mortos, com a boca cheia de formigas. São os corruptos e seus corruptores que travam a sociedade, impedem o progresso, tiram a esperança da juventude e de idiotas como eu, que teimam em jogar limpo. Apesar disso, sinto orgulho do sangue que corre em minhas veias, sangue bom, sangue limpo, livre da hipocrisia que grassa por este país, cujo tecido social está esgarçado e vai continuar se esgarçando até romper em um mar de sangue. O que podemos esperar de um país onde os poderosos são intocáveis? O que esperar de um país em que sentenças são vendidas em tribunais? Chegamos ao fundo do poço. Estamos chafurdando em lama fétida, o ar está empesteado da podridão que exala das almas dos corruptos, se é que corruptos têm alma. O país atolou na iniqüidade. E não há solução.


Sidney Borges

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