Dengue

Casa cheia para discutir a dengue em Ubatuba

O auditório da Unitau , com capacidade para 300 pessoas se encheu na última sexta-feira à noite com diversos cidadãos , empresários e representantes da sociedade civil.
Todas estas pessoas, ali estavam presentes para ouvirem e discutirem as ações relativas à contenção da epidemia de dengue e suas conseqüências para o município.
O seminário denominado “DENGUE EM UBATUBA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE, QUALIDADE DE VIDA, ECONOMIA E TURISMO, contou com a presença de diversas autoridades dentre as quais o Dr. Affonso Viviani Jr., Superintendente Estadual da SUCEM ( órgão ligado à Secretaria Estadual de Saúde do Governo José Serra –PSDB ), o Professor Dr. Álvaro Eiras, pesquisador da UFMG , o Prefeito Municipal Eduardo César (sem partido) e os Vereadores Charles Medeiros (PSDB) e Jairo dos Santos (PT), os dois últimos, únicos representantes da Câmara Municipal no evento.
Todos os presentes puderam aprender aspectos acerca da biologia, medicina e métodos de monitoramento, controle e prevenção da dengue, assim como entender o que já está sendo feito pelo município e o que pode ou precisa ser melhorado.
Durante a fala do Superintendente da SUCEM, ficou clara a necessidade de mobilização de todos os setores da sociedade no intuito de debelarmos a epidemia atacando todas as frentes, mas não se esquecendo da educação, ferramenta primordial para a solução do problema.
Foi ressaltada durante a reunião, o fato de que as conseqüências da dengue na cidade , além do aspecto grave de saúde da população que já contabiliza inclusive o óbito da cabelereira Carmem, será também de ordem econômica, devido ao fato da cidade se utilizar do turismo como principal fator de geração de renda.
Diversos comerciantes presentes no local estão bastante preocupados com a quebra no movimento e com os reflexos na economia local como desemprego decorrente das demissões e até fechamento de comércios.
Um dos fatos expostos pelos palestrantes e que chamou a atenção de todos os presentes foi a afirmação pelo Dr. Fernando Bergel de que o número de casos reais é da ordem de 3 à 5 vezes o número de casos oficiais que já somam mais de 3000.
Desta forma, deveremos estar com um número que varia de 9.000 a 15.000 casos na cidade.
Outro fato que causou alarme foi a explicação de que a fêmea infectada pode pôr durante sua vida até 500 ovos que podem durar até 450 dias e que tem possibilidade de darem nascimento à mosquitos já infectados. Desta forma, a doença se propaga de forma exponencial e pode inclusive se tornar endêmica (nunca deixar de existir no local), caso medidas enérgicas não sejam tomadas.
Durante o evento, ficou clara a necessidade de se intensificarem as ações já tomadas, uma vez que a redução anunciada pela PMU esta semana de 20% no número de casos, deve estar relacionada aos aspectos da biologia e ciclo de vida do animal que tem um número menor de nascimentos com a proximidade do inverno e diminuição das chuvas.
Para intensificar os esforços no combate à epidemia, foi apresentada pelo Dr. Álvaro da UFMG a tecnologia denominada MI-Denque (Monitoramento Inteligente da Dengue) que traz ao gestor de saúde, a localização em tempo real dos focos, concentrando as atividades das equipes nos locais aonde realmente o problema se encontra. Atualmente, a PMU se utiliza de um método de controle das larvas que é o mesmo adotado pelo Ministério da Saúde e que data de 1923. Este método não permite uma ampla cobertura e tem como desvantagem a demora na obtenção e disponibilização dos dados.
Em Presidente Prudente, cidade com uma epidemia aonde o MI-Denque foi implantado, já se obteve uma redução de 85% no número de casos.
Para uma cidade como Ubatuba, a implantação de um sistema como o MI-Dengue deverá custar de R$10.000,00 à R$ 20.000,00 mensais dependendo da área atingida, investimento relativamente pequeno se formos analisar o prejuízo à saúde das pessoas, os custos com atendimento e remédios e os prejuízos decorrentes da diminuição da atividade turística.
Após a exposição dos palestrantes, foi fechada uma agenda de sugestões que contemplam medidas imediatas a serem adotadas para intensificar os esforços.
São elas :
A formação de um comitê ou câmara para tratar do assunto e que ficaria ligada ao COMUS.
A intensificação dos programas de educação e mobilização da sociedade com mutirões de limpeza, uma vez que 80% dos mosquitos contaminados são encontrados dentro de residências.
A compra pelo município da tecnologia de Monitoramento.Inteligente da . Dengue que possibilitará a concentração imediata do esforço das equipes (atualmente 50 pessoas: 30 do Governo Estadual e 20 do Municipal) nos focos dos mosquitos de forma a inibir uma nova epidemia de proporções muito maiores com a chegada do verão. A prefeitura municipal se comprometeu imediatamente (esta semana) a encaminhar uma equipe para visitar cidades onde o MI Dengue está instalado e agilizar o processo de contratação.
O evento foi uma demonstração de cidadania e mesmo estando presentes no local, diversos adversários políticos da atual gestão, não houveram embates , mas sim proposições tendo sido demonstrado pela sociedade de Ubatuba que quando o assunto é grave, os antagonismos podem desaparecer.
Infelizmente, o Prefeito Eduardo César teve que ausentar antes do final do evento.
As organizadoras , Berenice Gallo (Projeto tamar-IBAMA) e Patrícia Ortiz (Unitau), estão de parabéns, pois deram um exemplo de mobilização à cidade.

Hugo Gallo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu