Brasil

Exército nas ruas

O povo carioca, seguramente o mais politizado do Brasil, elegeu um governador que foge à realidade quando imagina que o Exército poderá trazer luz à imensa e complexa equação representada pela violência no Rio de Janeiro. Seria perder tempo enveredar pelo sociologês e tecer considerações sobre a origem da Guerra Civil brasileira, cuja tendência é aumentar de intensidade. Para resolver o problema não basta acabar com os morros, matar os bandidos, aniquilar os traficantes, queimar suas casas, salgar suas terras e amaldiçoar seus cães. Nem tampouco distribuir livrinhos vermelhos de Mao, Fidel, Dirceu ou outro adepto do socialismo que não funcionou em lugar nenhum, mas que aqui vai funcionar porque somos eficientes. Mortos os bandidos de hoje, em pouco tempo outros estarão em seu lugar, mais armados, mais espertos e mais dispostos a lutar. O essencial é colocar as pessoas trabalhando, ganhando e consumindo. Se o modelo escolhido pelos que detém o poder é o da “sociedade de consumo”, então todos devem consumir, não apenas alguns enquanto a maioria assiste e se sente marginalizada. Isso gera revolta e violência contra a propriedade. É preciso fazer o dinheiro circular, o que resulta em trabalho com remuneração decente, e isso está longe de acontecer. Fora dos setores ligados à globalização se paga mal. É a mentalidade escravocrata que deixou uma triste memória que perdura intensamente no imaginário do país. “Trabalhar é para escravos, seres inferiores que devem receber apenas o essencial para sobreviver e continuar trabalhando”. Recomendo a leitura do livro de Jorge Caldeira, “Mauá”, que retrata a imensa preguiça da burocracia da corte, fato repetido na atualidade. Sem dar trabalho digno e dinheiro para o povo comprar bugigangas, das quais não precisa, não haverá exército que resolva o problema. Enquanto isso o negócio é sair de casa sem relógio, com roupas simples, e nos bolsos nada além do essencial. E ter sorte de não ser apanhado por uma quadrilha interessada em rins. (Sidney Borges)

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