Ainda o velho córtex

Extrato de conversa com o Dr. Carlos Mesquita de Oliveira

O jogo de xadrez envolve habilidades múltiplas, mas seguramente a memória é a principal arma dos jogadores. Sendo um jogo em que o fator tempo é relevante, quem tiver mais conhecimento de exemplos e desdobramentos tem mais chance de vencer. De alguns anos para cá os computadores estão se tornando imbatíveis. No começo da era da informática o cérebro humano prevalecia, pois o tempo de processamento de um lance médio, que para os humanos é mínimo, para os computadores era muito demorado, pois consideravam todas as possibilidades, inclusive as óbvias, e isso os tornava pouco competitivos. Com o avanço da velocidade de processamento somente grandes mestres podem enfrentar os cérebros artificiais. Em breve não haverá humanos capazes de vencer a máquina e o xadrez vai perder a razão de ser. Enquanto não havia computadores um enxadrista americano chegou, viu, venceu e sumiu da frente dos tabuleiros. Bobby Fischer, que escreveu um livro fantástico, “Bobby Fischer ensina xadrez”. Ele só tinha uma idéia na cabeça, contrariando os teóricos que afirmavam que antes de atacar era preciso garantir domínio territorial. Fischer só pensava no mate. E matava. Em 1972, com 29 anos, venceu Boris Spassky e se tornou campeão mundial, pondo fim ao longo domínio russo que vinha desde a vitória de Alekhine sobre Capablanca, em 1927. Tal fato foi uma verdadeira bomba, em plena guerra fria um americano tomava dos russos a coroa máxima do xadrez. Em 1975 Fischer desistiu da disputa do título contra Karpov, que se tornou campeão sem nunca ter vencido o match pelo título. Hoje ele vive na Islândia depois de ter sido preso no Japão por problemas com o fisco americano. Eu gostaria de ver uma disputa entre o Bobby Fischer de 1972 e o mais potente computador de hoje. Será que o primata bípede semovente venceria? Pergunta tola que jamais será respondida. (Sidney Borges)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu