Por que me ufano...

Ubatuba e o avião a álcool

A aviação é apaixonante e propicia excelentes oportunidades de se conhecer pessoas. Comecei a freqüentar o Campo de Marte em 1962 com meu “Instrutor” u-control embaixo do braço. O aeromodelo atraia atenções e por causa dele acabei amigo de muita gente. Adulto e piloto de planador, um dia em Bauru vi pousar um Beechcraft Queen-Air “Excalibur”, avião barulhento. No taxiamento a bequilha quebrou e o avião teve de esperar socorro mecânico. Na volta para São Paulo dei carona ao proprietário da aeronave e aprendi muito sobre álcool. Meu passageiro era Lamartine Navarro Jr., um dos criadores do Proálcool e grande entusiasta do combustível derivado da cana. Leia mais aqui. Desse dia em diante não era raro eu pegar carona no avião de Lamartine e foi em uma dessas idas a Bauru que eu soube do projeto Max Shaucke. (Seria esta a grafia correta?) Max foi piloto da Marinha dos Estados Unidos e depois da baixa passou a dar aulas de matemática em universidades e fazer vôos de exibição acrobática. Ao liderar um programa universitário de alternativas ao uso do petróleo, Max chegou ao álcool. Junto com os alunos montou uma pequena usina que produzia álcool a partir de restos de chocolate. O combustível era usado em um avião Bellanca Decathlon, cujo motor tinha sido adaptado. Quando soube do projeto Lamartine convidou Max para vir ao Brasil. Inicialmente instalaram o “circo” em Sorocaba, e depois, por sugestão minha e apoio de Augusto Pagliacci, hoteleiro e piloto, mudaram a lona para Ubatuba. Undergerg e Ubatuba. Max e sua bela ragazza italiana jamais esquecerão o Brasil. Agora que o álcool virou etanol, ficou chique e vai salvar o planeta do aquecimento global e os Estados Unidos de Chávez, que fique claro a todos que Ubatuba teve parte no desenvolvimento desse fantástico combustível. Só uma coisa não está certa em tudo isso. Apesar da produção crescer e do faturamento aumentar, os cortadores de cana continuarão miseráveis, trabalhando debaixo de sol escaldante por salários aviltantes, enquanto o Brasil continua fingindo. Fazendo de conta que a escravidão acabou. (Sidney Borges)

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