Brasil

Golpe

Ontem à noite, por volta das onze horas tocou o telefone. Chamada a cobrar. Depois da conversa de praxe a ligação foi completada. Do outro lado:
- Pai, eles me pegaram pai. Fui assaltado...
Entrei na onda:
- É você meu filho? Você está bem?
- Tô com medo pai (voz chorosa) eles vão me matar, estão me batendo... Ai, ui , não, pára, pára...
- Antonio Alberto, o que está acontecendo?
- Os caras são maus pai, tô apanhando muito, fala com eles.
- Tá bom Filho, mas antes de passar o telefone, me diga o nome do gato da tia Esther.
Silêncio.
- Não me lembro pai, tô nervoso.
- Como não se lembra Antonio Alberto, foi você que deu o nome. Romário. O gato da tia Ester é o Romário, lembrou?
- Lembrei pai, mas agora fala com eles, vou passar o telefone.
Voz grossa e agressiva;
- O negócio é o seguinte mano, quero 5 mil reais já senão o garoto morre.
Garoto, que garoto? Meu único filho Antonio Alberto tem quarenta e um anos, é careca e virtual, só existe na Internet, eu não tenho filhos reais. Vocês se enganaram, ligaram para o pai errado. E a propósito, avisa o garoto que não existe a tia Esther e nem o gato. Passe bem. Depois de uma torrente de palavrões meu interlocutor desligou. Olhei para o identificador de chamadas. Era um celular do Rio de Janeiro, provavelmente falando de algum presídio, onde não deveria ser permitido o uso de tais aparelhos. (Sidney Borges)

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