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FMRP desenvolve vacina contra o sorotipo 2 da dengue

Valéria Dias
Uma vacina contra a dengue está sendo desenvolvida no departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. O projeto é coordenado pelo médico Benedito Antonio Lopes da Fonseca. A vacina, específica para a dengue causada pelo sorotipo 2, já foi testada em camundongos e induziu a produção de anticorpos nesses animais. Mas, segundo o médico, ainda não há previsão do início dos testes em seres humanos.
Fonseca explica a necessidade de que a vacina seja tetravalente. "Ela deve proteger contra os quatro sorotipos de vírus da dengue existentes", explica. Segundo ele, isso ocorre devido à hipótese de que a doença hemorrágica é mais comum em pacientes com infecção secundária causada por um sorotipo diferente daquele da primeira infecção. "Existe a possibilidade de vacinarmos uma pessoa contra um sorotipo e ela ser infectada na natureza por um outro sorotipo, podendo desenvolver a dengue hemorrágica", diz.
Fonseca explica que a vacina consiste na inserção de genes do vírus da dengue em um plasmídeo de expressão - DNA circular que se localiza no citoplasma das células e se replica independentemente da replicação do genoma celular. Estes genes codificam as proteínas estruturais do vírus sorotipo 2. Quando este plasmídeo se replica, ele produz as proteínas do sorotipo 2 codificadas pelos genes inseridos no plasmídeo. "O sistema imunológico reconhece estas proteínas e interpreta como se estivesse sendo infectado pelo vírus dengue 2, induzindo a uma resposta imune contra ele", descreve Fonseca.
De acordo com o médico, há um certo receio em se usar vacinas de DNA devido à possibilidade de integração ao genoma da célula humana, mas testes têm demonstrado que isso é improvável. Para a vacina contra o sorotipo 1 estão sendo feitos testes in vitro. As do sorotipo 3 e 4 estão em fase de screening - seleção de plasmídeos que contém os genes - e Fonseca diz que, com sorte, ainda este ano serão feitos os testes in vitro.


Prevenção deve ser antecipada

A única proteção contra a dengue ainda continua sendo o controle do mosquito vetor, o Aedes aegypti. Mas, ao contrário do que costuma acontecer, as campanhas de prevenção devem começar antes do início do verão. Assim é possível conscientizar antecipadamente a população sobre as medidas a serem tomadas no controle do vetor da dengue. "O médico atua quando a prevenção não deu resultado", enfatiza Fonseca.
Segundo ele, as notificações de casos de dengue apresentam um crescimento de dezembro até abril/maio. A partir desse mês, ocorre uma diminuição dos casos. Fonseca diz que isso acontece porque a fêmea do Aedes aegypti quase não se reproduz nos meses frios. "O inverno é uma época seca e não há água limpa para a reprodução", afirma o médico. Para ele, as campanhas de prevenção deveriam começar no final do mês de outubro para que a população fosse adequadamente conscientizada.
Mais informações: (0XX16) 602-3249 / 3251 ou e-mail
baldfons@fmrp.usp.br , com o professor Benedito Fonseca

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