Pensata

A ”Fenda Histórica”
(ou Gramsci em Ubatuba)
“Não se afobe não, que nada é prá já....”
(Chico Buarque, em Futuros Amantes, 1994)

Reminiscências

Marcelo Mungioli
(para ser lido com a música “O cavaleiro e os moinhos”, de Bosco e Blanc, como fundo)
Em agosto de 1995, numa reunião com lideranças do PC do B e do PV, na sede do Jornal Correio Caiçara, na rua Maranhão, discutiu-se uma proposta, lançada pelo fotógrafo Miguel Angel que, para influir positivamente na vida do município, deveria-se lutar pela construção de uma frente parlamentar, apostando em mobilizar a sociedade civil organizada para que esta elegesse candidatos éticos, que tivessem consciência e preparo para ocupar as cadeiras do Legislativo local.
O entendimento era que, muito mais do que eleger um Prefeito, um mero cumpridor e executor das Leis, a mudança da realidade do Município passaria por uma Câmara dotada de elementos preparados, realmente dispostos a legislar para o bem comum e a fiscalizar, de forma eficiente, as ações do Executivo. Surgia – em Ubatuba – a proposta dos gabinetes populares, que serviriam para que os setores organizados pudessem reivindicar e influir, com propostas, projetos, pareceres e pedidos de informação na vida do município.
Naquele momento, vivia-se um momento de surgimento de ótimos quadros, muitos oriundos de associações, movimentos de classe e de movimentos suprapartidários, como o MDU, afinados com o conceito proposto pelo Miguel e, portanto, vislumbrava-se a possibilidade de se eleger um, dois ou mais candidatos com este perfil engajado, como pontas de lança para uma “necessária virada”.
Teorizava-se, seguindo o conceito de Gramsci, da “fenda histórica” que, a sociedade civil organizada deveria aproveitar o espaço institucional para fazer as mudanças, entendendo que, se você não pode fazer uma revolução, é preciso intervir no Estado de dentro para fora, criando os meios necessários para as mudanças que serão feitas por estes segmentos organizados da sociedade.
Por motivos diversos, mas, principalmente, pelo tamanho do ego daquelas lideranças, não se conseguiu construir esta frente. O resultado, sentido até hoje, é que um atraso colossal legislativo, emperra o município em todas as áreas.

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