Editorial

Jamais verás...

Raramente assisto ao Jornal Nacional. Estando praticamente o dia inteiro na Internet, conheço o que pode ser apresentado de relevante. Ontem foi uma exceção, fiz questão de sintonizar a Globo para ver o ataque terrorista ao Rio de Janeiro. Marginais colocaram fogo em um ônibus e pessoas foram assadas vivas. A Inquisição não faria melhor. Os carrascos de Hitler não fariam melhor. Pol Pot está virando no túmulo de inveja, ele que tirava bebês dos braços das mães e os lançava para o alto para praticar tiro ao alvo. Somos campeões mundiais mais uma vez. Campeões de crueldade, impunidade, hipocrisia, incompetência, preguiça e corrupção. Queimar pessoas está virando rotina. Hoje não pretendo assistir ao Jornal Nacional. Digo isso, mas se o terror inovar e apresentar alguma novidade estarei a postos em frente à telinha. Gente assada dá ibope. Hoje o jornal vai mostrar como os brasileiros são felizes. Vai falar da maravilha que é viver em uma terra linda e generosa e que oferece o espetáculo da queima de fogos. Quanto aos mortos e feridos e suas famílias, quanto à jovem modelo que teve o corpo queimado e sofrerá seqüelas pela vida afora, só podemos lamentar. Acidentes de percurso acontecem, vide Bagdá e Porto Príncipe. Hoje é sexta-feira, ainda faltam dois dias para a festa. O ataque não nos atingiu, boa razão para festejar. Um dia poderá ser conosco. Caso os traficantes não nos assem o controlador de vôo poderá trocar os pés e lá iremos nós para o beleléu. Fazer o quê? O negócio é ter fé. Lula está aí para o que der e vier...


Sidney Borges

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