Editorial

Bomba política ou traque?

Já faz muito tempo, embora a cena esteja ainda viva em minha memória. Parece que aconteceu ontem. Meu primo Rodrigo, hoje um homem de trinta e quatro anos, brincava no jardim do Hospital São José do Brás, em São Paulo, onde minha mãe estava internada após uma crise cardíaca. De repente o tempo fechou, Rodrigo e um menino que brincava ao seu lado saíram no braço. A coisa foi feia, embora tivessem apenas seis anos de idade, foi difícil apartar. Os dois eram aguerridos. Quando a raiva passou perguntei:
Rodrigão, por que vocês brigaram? A resposta:
- Ele disse que o leão era dele, eu disse que era meu. Ele começou a me bater, eu bati nele. O leão em questão era de pedra e ornamentava o jardim do hospital.
Ubatuba está vivendo uma situação parecida na política. O leão é o PSDB, objeto do desejo de todos e moeda de troca de alguns, que pretendem usar a sigla para obter favores pessoais. Lutar pelo controle de um partido em uma cidade com as características de Ubatuba fazia sentido até cair a cláusula de barreira. Hoje não dá para entender o porquê da movimentação. Caso Eduardo Cesar vá mesmo para o PSDB e seja o candidato tucano, o que muda na arena política? Nada, absolutamente nada. Sérgio Caribé, que parece incomodar muita gente, pode sair candidato por outro partido, há muitos a escolher. Em Ubatuba o voto é personalizado, a incipiente democracia da cidade ainda não entendeu o significado das agremiações políticas. Aqui os homens públicos mudam de sigla como trocam de roupa, trafegam da esquerda à direita com a maior tranqüilidade, com a mesma facilidade com que se toma um picolé. Enfim, eles sabem o que fazem, eu apenas não consegui entender onde querem chegar. Ou melhor, eu sei, todos querem a prefeitura, mas só um vai conseguir. Pode ser no PSDB ou não. Só o tempo dirá.

Sidney Borges

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