Editorial

Lembrete

No final do governo Jânio Quadros São Paulo foi transformada em um gigantesco canteiro de obras, com os transtornos decorrentes, sujeira, engarrafamentos de trânsito e poluição visual e sonora. Luiza Erundina sucedeu Jânio e não deu continuidade às obras. No início teve apoio, depois, com o passar do tempo, os aplausos se transformaram em apupos. A opinião pública não mudou de um dia para o outro. Demorou pelo menos dois anos para que o motorista preso na geléia de tráfego começasse a relacionar o desconforto com a atitude política da Prefeita. No final do mandato de Erundina o povo rejeitou o PT e elegeu Maluf, que imediatamente cuidou de concluir as obras paradas e iniciar outras. Uma delas é curiosa. O túnel sob o Parque Ibirapuera. Custou mais por metro construído do que o túnel do Canal da Mancha, que liga França e Inglaterra. Em Ubatuba algumas obras estão paradas e isso está deixando a administração à beira de um ataque de apoplexia. Não é o caso de desesperar, atrasos de um, dois ou até três meses acabam por ser absorvidos pelos eleitores. Com a obra pronta, os transtornos são esquecidos e tudo volta a ser como d’antes no Quartel de Abrantes. No caso do Túnel do Ibirapuera, por exemplo, quando os motoristas perceberam o quanto ele encurtava o caminho, Maluf foi para o céu. E de fato, tirando o preço elevado, é uma obra digna de admiração. No entanto, durante a construção não foram poucos os problemas. Aconteceram desabamentos devido à infiltração de água de um rio subterrâneo, o que atrasou a obra que já estava atrasada. O secretário Reinaldo de Barros consertou tudo sob intenso fogo de metralhadoras, morteiros e aquilo que jogaram na Geni. O resultado acabou beneficiando Maluf, que saiu fortalecido e elegeu seu sucessor, Pitta, um verdadeiro fiasco. Podemos então dizer que os atrasos desaparecem do imaginário popular quando as obras terminam sem defeitos. Obras prontas não podem ter erros. Se algo estiver fora do prumo deve ser corrigido antes da entrega. Ou vira um lembrete eterno de incompetência.

Sidney Borges

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