Editorial

Lembranças

Com o passar do tempo as lembranças ficam reduzidas a um plano, perdem a perspectiva. Acontecimentos de dez anos, vinte, trinta, em nossa memória são fragmentos temporais que ao vir à tona sugerem ter ocorrido ontem. Ontem Bush foi derrotado. Perdeu a maioria no Congresso. Há trinta anos aconteceu outra vitória dos democratas. Naquela época, acredito que o resultado tenha tido mais significado para o Brasil. Jimmy Carter venceu Gerald Ford e se tornou o 39º presidente dos Estados Unidos da América. Contra a vontade do stablishment local que preferia continuar trocando figurinhas com os republicanos. Carter venceu com uma plataforma de política externa baseada em direitos humanos. O governo brasileiro não gostava muito do tema. Eram tempos bicudos de personagens emblemáticas como Manoel Fiel Filho e Vlado Herzog, de triste memória. A mídia chapa branca torcia abertamente por Ford. Muitos dos que hoje estão ao lado de Lula, também. Na noite da vitória de Carter o Brasil calou. Eu soube do resultado pelas ondas curtas do meu poderoso Transglobe. Por aqui o silêncio era sepulcral. Quando a Globo finalmente anunciou a vitória democrata, o locutor exibiu um tom grave, como se estivesse fazendo um necrológio. De certa forma estava. Naquela noite o regime de exceção fora ferido de morte. Ainda se arrastaria por longos anos...

Sidney Borges

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