Assim é ainda que não lhe pareça...

Vida bela

Ligo para um amigo que como eu está na evelhescência e recebo a notícia que outro amigo, também beirando os sessenta, está fazendo quimioterapia. Primeiro começou a emagrecer, depois veio a tosse constante e finalmente o apetite sumiu, nem pizza do Castelões descia. Isso era um sinal de alarme dos mais claros, a mulher entendeu e o levou ao médico. Após algumas consultas decidiram extrair um pulmão. Agora ele está na fase do tratamento químico, com as seqüelas de praxe, enjôos, mal estar e perda de cabelos. Depois virá o tratamento à base de radioatividade e medicamentos. Estes caríssimos, proibitivos até para ricos. Ele não é rico. Escutei calado, não havia o que dizer. Para quebrar o gelo perguntei: como vai o seu irmão? Está bem foi a resposta, mas com problemas financeiros. Levou o carro para licenciar e descobriu que tinha quinhentos reais de multas. Depois de pagar resolveu regular o carburador, o motor estava rateando. O mecânico disse que não havia nada errado com o carburador. A máquina abriu o bico, afinal de contas rodou um milhão de quilômetros. O conserto vai ficar em dois mil e trezentos reais. Somando as multas dá quase três mil. O carro, um Monza 85 vale cinco mil. Fazer o quê? Vai rodar até parar de vez. Depois só restará encarar a realidade, coisa difícil. A indústria que mais cresce no mundo é a do entretenimento, que nos afasta temporariamente das mazelas da vida. Quase eu ia me esquecendo, meu amigo perguntou se eu conheço um dentista razoável e não muito caro. Ele está com um canino mole. Vou parar de escrever e ler até cair de sono. Amanhã de manhã tornarei a pensar no Olimpo e nas artimanhas dos Deuses. Estou lendo a lista telefônica de 1974. Páginas amarelas. É emocionante.

Sidney Borges

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