Perguntas indiscretas

De onde veio a grana?

Elio Gaspari na Folha:
“Lula não deve reclamar de Geraldo Alckmin. Precisa calçar as sandálias da humildade para o próximo debate, pois afogou-se na poça de platitudes de um adversário previsível, frio como papa-defunto. Alckmin tem razão: "De onde é que veio o dinheiro?" O companheiro ainda não entendeu que a falta de uma resposta a essa pergunta pode lhe custar a reeleição e um pedaço da biografia. Lula passou os últimos quatro anos sem ouvir o contraditório. Diante dele, olho no olho, ao vivo e a cores, desconcertou-se. O peso da banda áulica no Palácio do Planalto de Nosso Guia só tem paralelo no governo do general João Figueiredo (1979-1985). A linguagem chula e a maneira destemperada como Lula trata seus colaboradores faz de Figueiredo uma carmelita. Diz o que quer e só ouve o que quer. O entorno dos governantes isola-os das adversidades e das contraditas. O café vem como ele gosta. O assessor que carrega a toalha para enxugar o suor está sempre por perto. (Lembrai-vos do curador de almofadas para as pernas curtas do imperador etíope Hailé Selassiê.) Pode-se contar nos dedos quantas vezes um presidente é obrigado a teclar uma chamada telefônica. (Harold Wilson, primeiro-ministro inglês durante oito anos, confessou que, ao voltar à vida real, o que mais estranhou foi discar o telefone.) Alguns, como Fernando Henrique Cardoso, têm senso de humor para rir das portas que se abrem sozinhas. Outros acreditam que porta fechada é desaforo.”

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