Editorial

Como destruir uma cidade

Durante muitos anos algumas cidades litorâneas brasileiras (Ubatuba não!) foram descaracterizadas graças à ação nefasta de agentes políticos corruptos. Vejam como funcionava o ‘modus operandi” da malta:

Um empresário comprava uma área onde podiam ser construídos dois pavimentos. Depois procurava um vereador com forte ascendência sobre os colegas. O empresário oferecia um queijo gordo, o vereador esperto embolsava dois terços da iguaria e distribuía o restante aos ratinhos. (Tem muita gente que foi enganada nessa partilha. Bem feito. Rssssss) Sem que a cidade se desse conta, uma lei era apresentada na Câmara e passava sem problemas. Tal lei alterava o gabarito da área recentemente comprada pelo empresário. Onde eram permitidos dois pavimentos, a lei alterava para quatro, com um de quebra a título de bonificação. No outro dia o projeto de um conjunto de edifícios de quatro andares mais um amplo e arejado sótão era apresentado na prefeitura às dez horas da manhã e aprovado às onze, com todos os carimbos e alvarás necessários. A lei tinha sido sancionada pelo prefeito às nove e meia. Eficiência é isso. Quando a cidade percebia o engodo estrilava. Os vereadores contristados mostravam arrependimento. Errar é humano. Na sessão seguinte a lei era revogada e ninguém falava mais nisso. O empresário se fingia de morto por algum tempo e quando o assunto esfriava dava início à obra. Para quem manifestasse dúvidas ele mostrava os carimbos da aprovação, estava dentro da lei com liberdade para agir. Dessa forma a cidade foi afundando, afundando até apresentar problemas praticamente insolúveis. Tudo graças à ganância, incompetência e falta de caráter. Evidentemente este texto é ficção. Em Ubatuba jamais aconteceu algo parecido, nossos vereadores nunca se venderam nem jamais se venderão.

Sidney Borges

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