FHC solta o verbo...

Os erros do PSDB, por FHC

Fernando Henrique Cardoso fez hoje um importantíssimo mea-culpa na carta aos eleitores do PSDB, publicada no site do partido.
Um reconhecimento da parcela de culpa do PSDB na apatia do eleitor e dos erros cometidos por Geraldo Alckmin na campanha e no seu governo em São Paulo.
FHC deixa a impressão de quem passa a borracha nesta campanha e tenta assumir o leme do PSDB no pós-campanha.

Veja abaixo os principais trechos da carta:

- Pagar mensalão é crime e como crime deve ser tratado. Pagar mensalão para deputados, comprar seus votos, não é igual sequer a outra transgressão, a de não declarar dinheiro obtido para a campanha eleitoral, o "caixa dois".

- Pois bem, nós do PSDB não fomos suficientemente firmes na denúncia política de todo esse descalabro no momento adequado. Não será agora, durante a campanha eleitoral, que conseguiremos despertar a população. Mas, para nos diferenciarmos da podridão reinante, temos a obrigação moral de não calar.

- É verdade que também somos responsáveis pelo que hoje se vê: a cada dia mais corrupção; a cada dia, menor reação. Erramos no início, quando quisemos tapar o sol com a peneira no caso do senador Azeredo. Compreendo as razões: ele é pessoalmente decente; tudo se passou durante a campanha para sua reeleição como governador, que afinal ele perdeu. Mesmo assim, calamos muito tempo e sequer dissemos o que sabemos: entre os responsáveis pelas finanças de campanha do então governador estava seu vice, hoje ministro do Presidente Lula. Nem isso dissemos com força! Mas não por isso podemos calar diante do descalabro. Ainda que o eleitorado não nos acompanhe neste momento, deixaremos as marcas de nosso estilo, de nossas atitudes, para calçar um futuro melhor para o país.

- Para que o PSDB se justifique perante o eleitorado como uma força renovadora ele tem que se distinguir. A podridão que encobre "a política" está nos transformando em vultos. Precisamos reganhar nossa cara.

- Nosso candidato à Presidência tem as mãos limpas. Tem história de seriedade. Por que não bradar isso com força ? Por que não fazer o contraponto com o outro lado? Nada a temer nem a esconder. Geraldo Alckmim pode dizer o que Lula não pode porque sua história não passa por acusações de suborno a prefeituras. (...) Enfim: faltam condições morais a um e sobram a outro.

- O não à corrupção, não nos iludamos, é a condição para o futuro, tanto do país como nosso. Mas não basta a diferenciação moral. Há problemas urgentes que afligem o povo e sobre os quais não podemos calar. O mais angustiante é o medo: medo do crime, da violência. Também neste caso o PSDB tem responsabilidades e tem o que dizer. Em São Paulo, para cingir-me ao estado que foi governado por Alckmin, as taxas de homicídio e latrocínio caíram fortemente graças à ação da polícia. Nunca se prendeu tanto, a um ponto tal que a cada mês há mais 800 presos, descontando-se os que são liberados. Para atendê-los seria preciso construir uma penitenciária por mês! Resultado: o sistema prisional está abarrotado e, há que reconhecer, não foi capaz de dar tratamento adequado à massa de presos, criando um caldo de cultura para a criminalidade e deixando ao PCC espaço para demagogia em nome da melhoria de condições de vida dos prisioneiros. Sem falar no uso continuado de celulares, da cumplicidade entre criminosos e advogados, às vistas cúmplices, algumas vezes, das autoridades carcerárias. Reconhecer isso não é desmedro.

- Atravessamos um momento paradoxal: de aparente desconexão entre o que é o sentimento da opinião pública e o discurso eleitoral rotineiro; de tanta desfaçatez dos que ocupam o poder e de tanta informação sobre a corrupção e os desmandos de quem deveria dar as pautas de comportamento pensando mais na Nação que em seus umbigos e nada mais faz do que se jactar de grandezas inexistentes.

- Para que não pairem dúvidas: é do Presidente e de seu partido (ou deveria dizer ex-partido?) que falo acima, pois são eles, inquestionavelmente, os responsáveis por deixar que os piores setores da política ocupem a cena principal, expondo o país às misérias a que todos assistimos indignados.

(Fonte: Noblat)

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