Opinião

“Arrebentando celeiros”

Corsino Aliste Mezquita
A Folha de S. Paulo publicou artigo de Élio Gáspari sob o título: “Miro Teixeira mostra o caminho de Mr. Sam” ( FOLHA-A-18, de 30-07-06 ). Existe um parágrafo, no texto, que chamou nossa atenção por estar carregado de sugestivo simbolismo. O transcrevemos a seguir:
“Sam Rayburn (1882-1961), um dos maiores parlamentares da história americana, ensinou que “UM BURRO PODE ARREBENTAR UM CELEIRO, MAS VOCÊ PRECISA DE CARPINTEIROS PARA CONSTRUIR OUTRO”. Mr. Sam, como era conhecido, ficou 48 anos na Câmara, 17 na sua presidência. Foi levado ao túmulo por quatro presidentes dos Estados Unidos. Não falava com lobistas e morava num dois quartos e sala. Quando morreu tinha 15 mil dólares no banco”.
Com essa história de vida, Mr. Sam, era autoridade para qualificar os políticos desonestos, corruptos, e “promotores de celeiros arrebentados”, como BURROS. Não é nosso caso. Foge, ao nosso estilo, xingar pessoas ou qualifica-las. Apenas refletiremos sobre realidades, em nosso entorno, que influem a vida dos cidadãos e transformam os ambientes. Sobre supostos celeiros arrebentados.
Nossa Av. Iperoig é um celeiro arrebentado. Mataram seu glamour. A freqüência dos usuários de suas atrações (comércio, bares, restaurantes, Parque Trombini, paisagem etc) mudou de endereço. Até os freqüentadores da debatida feira de quinquilharia e produtos diversos e dos conhecidos “JEGUES” parece terem diminuído. A Av. Iperoig está deteriorada. Estuda-se, em Geografia Urbana, que quando um ambiente urbano se deteriora demora lustros em recuperar-se. Esperamos que os técnicos de Geografia Urbana estejam equivocados e que os projetistas, da obra em andamento, tenham previsto atrativos irresistíveis que permitam, aos donos dos estabelecimentos comerciais e aos assíduos freqüentadores, recuperarem os prejuízos que atualmente estão sofrendo. Sintomas e temores existem de que isso não ocorra. Pelo menos em curto prazo. A obra foi iniciada em 25 de maio de 2006 e, seu término, está previsto para 25 de novembro de 2006. Desses l80 dias já se passaram 68, ou mais de 37%. Faltam 112 e nem 10% da obra foi executado. Até agora só o celeiro foi arrebentado e, parece, estarem faltando carpinteiros para construir o novo.
Tem muita gente imaginando os prejuízos que essa obra ocasionará se não for concluída, no prazo previsto, e invadir os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Pensando nos empresários do setor e nos turistas fazemos votos e esperamos que isso não aconteça. Entretanto, pelo andar da carruagem e observando outras obras, da atual administração, é hipótese que, neste momento, não pode ser descartada.
Os moradores da Estufa II sabem que, conforme PLACA DE OBRA, o asfalto das ruas do bairro deveria estar concluído em abril de 2006. Parece que parte, todavia, não ocorreu. Agora estão solicitando a colaboração da comunidade para fazer guias e sarjetas.
A escola do Horto-Figueira, com data prevista, de entrega, para 17 de maio de 2006, até esta data, está sem ser concluída.
Li, no Agito de 28-07-06, pg 03, (na coluna habitualmente assinada pelo Sr. Wagner Aparecido Nogueira, com reflexões sensatas e positivas sobre o Turismo e seus problemas), extensa resposta contestatória, a suas idéias, do Sr. Secretário de Turismo, Luiz Felipe Azevedo. Resposta que me pareceu fora de lugar e que nada respondeu. No texto já considera como grandes realizações obras que estão em início de construção e outras que apenas são projetos ou cartas de intenções. Lendo a matéria lembrei-me de publicação do mesmo Secretário, no Litoral Virtual, de 1°-12-05, prometendo a construção do CENTRO DE CONVENÇÕES, com investimento de 1,5 milhões de reais e inauguração em agosto de 2006. Já estamos em agosto de 2006. Agora informa: “fechamos o acordo para o início das obras do Centro de Convenções”. Como escrevemos, naquela época, há uma grande distância entre a publicidade oficial e a realidade que vive o povo de Ubatuba, entre as cartas de intenções e as realizações. É fácil arrebentar os celeiros. Difícil encontrar bons carpinteiros para construir outros.
A escolha dos carpinteiros e de materiais, trocando a beleza, clareza e brilho do chamado mosaico português por esse tal de “paver colorido”, que nada mais é que pequeno bloco, rústico, áspero e cinzento, de cimento e areia, pode vir a perturbar a paisagem e torna-la agreste e monótona.
Como gostos não se discutem, esperamos que o “paver colorido” seja agradável para ver, prazeroso aos olhos e todos se deleitem com as mudanças.
Outros celeiros estão sendo arrebentados para serem calçados com o rústico “paver colorido”. Parece ser o produto da moda ubatubense. Como a moda é mutável, por natureza, teremos um futuro incerto. Sendo nossos governantes municipais fieis imitadores do Mr. Sam, esperamos, não estar sendo vítimas de lobistas do “paver colorido”.

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