Agenda 21 em foco

CONTRIBUIÇÕES PARA O PLANO DIRETOR
A Economia da poupança na Sociedade do Conhecimento - Objetivo 1

Produção e Consumo Sustentáveis versus a Cultura do Desperdício

Passamos 24 h do dia na cultura do desperdício que se origina não apenas dos hábitos novos, mas também das práticas antigas da sociedade tradicional, aplicáveis a uma abundância de recursos naturais e a hábitos ingênuos de generosidade e desperdício.
Demandar contenção e sobriedade a nossas elites, incluindo a classe média alta é tão importante como superar o paradoxo que envolve os pobres: muitas vezes falta comida em sua mesa mas mesmo na pobreza, o desperdício continua. A solução para este e para outros problemas semelhantes é mudar os padrões e lutar contra a cultura do desperdício.
Os gastos desnecessários com embalagens, a poluição causada pela disposição de objetos e geração de quantidades exageradas de lixo estão entre as conseqüências danosas dos modelos de consumo adotados no Brasil, que foi copiado de países mais desenvolvidos, mas que foram também herdados da sociedade colonial escravagista.
Há dois aspectos a serem considerados na luta contra o desperdício. O primeiro envolve a mudança dos padrões de consumo, o que na verdade constitui uma mudança cultural. Entretanto, é necessário iniciar este combate, ainda durante o processo produtivo, adotando tecnologias com uso menos intensivo de energia e que demandem menor quantidade de matéria prima. A construção civil é um segmento que tem muito a contribuir, como p.ex. buscando novas alternativas para evitar o desperdício nos locais de trabalho.
Entretanto não é necessário esperar por mudanças culturais que são naturalmente lentas. É dever das autoridades e dos meios de comunicação manter a população ciente das conseqüências do desperdício e a não recorrer a economia apenas nos momentos de crise, como ocorreu em 2001 durante a crise de energia.
A cultura da poupança deve ser construída utilizando informação sadia. Uma população consciente pode forçar as companhias a mudar seus métodos e processos e até suas estratégias de vendas, como pode ser observado com a valoração do chamado consumo sustentável.


Ações e Recomendações

Para desencadear uma campanha nacional contra o desperdício envolvendo os três níveis de governo, as companhias, a mídia, o terceiro setor e os líderes comunitários para a consciência e a mudança de hábitos:
Mobilizar os meios de comunicação – televisão, rádio, jornais – para serem utilizados no seu relevante papel de pedagogia social. Enquanto concessão de interesse público, eles deveriam durante seu tempo de publicidade obrigatória, disseminar matérias de interesse público, produzir campanhas de conscientização voluntária que gerem notícias capazes de tornar a opinião pública consciente da necessidade de mudança de comportamento.
Desenvolver campanhas contra o desperdício de água e energia que pode adquirir uma característica específica e diferenciada para as diferentes regiões do Brasil e também para os diferentes setores de produção.
Promover a cultura da poupança para a produção de bens e serviços públicos e privados, evitando a superposição de ações, procedimentos irracionais e gastos supérfluos.
Estimular a simplificação das embalagens e restringir a produção de resíduos garantindo ao consumidor a disponibilidade de produtos em embalagens retornáveis ou recicláveis.
Produzir legislação para resíduos sólidos com definições claras relacionadas a obrigações e responsabilidades para os diferentes atores sociais baseada na reciclagem e na redução da geração de resíduos (lixo).
Divulgar experiências inovadoras para que no nível local, sejam adotadas formas criativas de destinação de resíduos. Divulgar manuais de tecnologia apropriada e torna-los disponíveis para os distritos municipais brasileiros, para evitar investimentos em estações de tratamento caras e inadequadas, que muitas vezes acabam por ser desativadas.
Estimular a redução do desperdício na construção civil adotando tecnologias adequadas que promovam a segurança do trabalhador.

Rui Alves Grilo
Coordenador do Grupo de Trabalho Rede 21

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