Opinião

Desligue a TV

Marcos Nisti, advogado e coordenador do Projeto Desligue a TV, afirma que a tv tem aspectos positivos, mas assim como o chocolate em excesso causa problemas de saúde, o mesmo acontece com a tv. Não pode ser a única forma de lazer. Por isso é louvável a atitude da TV Cultura que veicula comerciais incentivando os telespectadores a desligarem a tv e irem ao teatro, cinema e a ler bons livros. Na Europa, nos horários em que as crianças estão em casa, antes das 9 horas e depois das 17 horas, há uma norma para haver mais programas indicados para essa faixa de idade e que restringe a exibição de cenas de sexo, violência e drogas.
Este foi um dos enfoques do programa VER TV, apresentado pelo professor Laurindo Leal Filho, da ECA -Escola de Comunicações e Artes da USP, que é veiculado em vários horários e dias na TV Câmara.
Neste programa, o Deputado Orlando Fantazzini, do PSOL, coordenador da Comissão Ética na TV, afirmou que os canais de radio e tv são concessões públicas, como são as redes telefônicas e empresas de ônibus; portanto, se não prestam um serviço adequado, devem ser cassadas. Para isso, criou a campanha “Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania”, na qual os telespectadores podem votar e assim estabelecer uma escala dos piores programas.
Como um dos resultados dessa campanha, vários programas, foram tirados do ar, ou a rede de tv teve que veicular programas educativos de direitos humanos. O Programa de João Kleber, da Rede TV, foi tirado do ar porque veiculava preconceitos.
Anteriormente ao programa, jornalista Rosário de Pompéia, do Centro de Cultura Luis Freire, de Recife, havia apresentado aos debatedores alguns trechos dos programas de reportagens policiais e de entrevistas que são veiculados em várias tvs do nordeste em horários que freqüentemente são assistidos por crianças e adolescentes. Por infringirem os princípios éticos, banalizando a violência, tratando de forma sensacionalista e vulgar os acontecimentos, foram apresentados aos telespectadores apenas alguns trechos considerados mais leves.
Sergio Suiama, Procurador da República, que tem se destacado nas discussões e aplicações de penalidades às pessoas que violam os direitos humanos, sejam na Internet ou nas tvs, afirma que é necessário a proteção do Estado através da classificação indicativa da faixa etária ao qual a programação é recomendada. Para ele, os proprietários reclamam contra qualquer intervenção do Estado no sentido de proteger contra as cenas de sexo, de violência e de uso de drogas, mas estes mesmos proprietários exercem uma censura econômica e política impedindo a manifestação de grupos ou pessoas que pensam diferente, contrários aos seus interesses pessoais ou de classe.
Foram apresentadas também algumas entrevistas de pais que afirmaram que o governo tem responsabilidade na classificação indicativa porque, devido aos seus afazeres rotineiros, não dá para os pais acompanharem tudo que seus filhos vêem na tv. No entanto, uma mãe afirmou que ela é responsável pela definição do que seus filhos assistem. Para ela, este é um papel dos pais. A discussão com os filhos sobre o conteúdo dos programas seria altamente educativo e formador.
Para os debatedores, a classificação indicativa é necessária porque não há de verdade o direito de escolha dado o alto grau de repetição dos mesmos formatos e tipos de programas nos mesmos horários. Precisaria haver uma diversificação interna de possibilidades em cada canal, e externa, isto é, enquanto um canal exibe um tipo de programa, os outros canais estariam exibindo diferentes tipos.

Rui Alves Grilo
Professor da EE Capitão Deolindo de O. Santos - Ubatuba

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