Intervenções urbanas

Das praças

Praças são lugares destinados ao povo. Podem ter árvores, mas não é recomendado que sejam muitas. As mais significativas do mundo não têm. É preciso fazer a distinção entre praças e parques. Monumentos públicos também não devem ser cercados de árvores, que impedem a visão. Imagino que se o Taj Mahal fosse em Ubatuba teriam plantado alguns coqueiros na frente, como “decoração”. Não foi o que fizeram com o Casarão do Porto? Outro deslize é a colocação de jardineiras em espaços públicos, como as que estão na frente do Banco do Brasil. Ninguém cuida da limpeza, os transeuntes jogam papéis e fica uma sujeira horrorosa. A intenção do autor do projeto acaba se transformando em transtorno para a população. Teria sido melhor não colocar nada. Bastaria um piso bonito, quem sabe com uma Rosa dos Ventos, obviamente apontando para os pontos cardeais corretos. Depois do globo terrestre com eixo vertical tudo é possível. A única vez que vi o arquiteto Oscar Niemeyer perder a paciência foi em uma entrevista no programa Roda Viva. Perguntado porque não havia árvores em suas obras, ele ficou muito bravo. Falta vivência, falta cultura, faltam viagens, foi a resposta. Como hoje é possível visitar o mundo pela Internet, sem sair de casa, sugiro aos leitores um belo passeio. Começando pela Plaza Mayor de Madrid, depois Piazza San Marco de Veneza, Praça Vermelha de Moscou, Praça São Pedro do Vaticano e Piazza Navona de Roma. Quem encontrar árvores nessas praças, atrapalhando a concentração popular, ganha uma passagem de ida e volta para Caraguatatuba, com direito a sanduíche de mortadela e Fanta Uva.

Sidney Borges

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