Reflexões

Enquanto o nosso gás não chega...

Definitivamente o tempo mudou, estamos entrando na época em que Ubatuba apresenta os dias mais bonitos do ano, claros e luminosos, seguidos de noites estreladas e frias. Teoricamente é o melhor período para tirar uns dias de sossego na praia. Desde que comecei a vir para o Litoral Norte, em maio de 1968, o outono sempre foi minha estação preferida, uma espécie de síntese, verão na hora de ir à praia e inverno nas noites, bom para encontrar amigos e tomar vinho. No Brasil nós temos o privilégio de não necessitar de aquecimento nas casas, salvo em poucas cidades do extremo sul, situadas em região serrana. Isso permite uma grande economia de energia, imaginem se cada casa precisasse de calefação, cujos sistemas consomem gás ou diesel, produtos da lavra petroleira e portanto caros. Por falar em gás, vamos ter turbulência pela frente. Evo Morales, que acabou de colocar tropas do exército nas dependências da Petrobras, vai aumentar o preço. Analistas internacionais dizem que há uma defasagem de até 45% nas tarifas que Brasil e Argentina pagam. Por que isso está acontecendo? Estaríamos agindo como imperialistas e tirando o pão da boca dos pobres e famintos vizinhos? É mais ou menos essa a retórica dos bolivianos, de Chávez e de parte do staff governamental, quando não de “Nosso Guia” em pessoa. Afinal de contas, os contratos assinados pelo governo boliviano com a Petrobras aconteceram no período tucano, época em que o paraíso socialista ainda não tinha sido implantado no Brasil, antes do advento da relatividade dialética tupiniquim. Primeiramente é preciso que fique claro que a Bolívia é pobre. Muito pobre. Paupérrima. O Brasil está longe de ser rico, mas perto da Bolívia é uma potência. O Brasil precisava de gás. A Bolívia tinha gás, mas não tinha tecnologia nem dinheiro para explorar e comercializar o produto. Foi feito um acordo entre os países. Acordo de comerciante judeu. Vocês sabem porque os judeus têm sucesso no comércio? Contrariando a fama de enganadores, fama injusta, o sucesso é fruto de negócios bons para os dois lados. Eles ganham dinheiro, o freguês fica satisfeito e volta para fazer mais negócios. A Petrobras agiu assim, entrou com dinheiro tecnologia e garantia de compra do gás a ser extraído. Nunca, em momento algum, a soberania da Bolívia foi ameaçada, decididamente o Brasil não é imperialista. O que foi contratado foi cumprido, pelo menos pela empresa brasileira. Obviamente, ninguém tira bilhões de dólares do bolso para ter prejuízo. A defasagem atual faz parte do negócio. Com o preço mais baixo do que o praticado internacionalmente, a Bolivia amortiza os investimentos em seu território. Tudo ia bem até que o “companheiro” Chávez entrou em cena. O que vai acontecer agora ninguém sabe, Lula corre o risco de sair chamuscado e com o prestígio abalado ao fim do entrevero. A soberania brasileira está em jogo. Nunca, em toda a nossa história, fomos afrontados dessa forma. O Brasil é uma nação pacífica, mas não tolera desaforos, jamais tolerou, nem mesmo da poderosa Inglaterra do século XIX. Está na hora de mandar o senhor Chávez calar a boca. Ele já falou demais e não tem cacife para tanto. É um bufão. Evo Morales, por sua vez, mostrou ser inconseqüente. Ao assustar os investidores internacionais acabou nas mãos do bufão. A conta logo vai chegar.


Sidney Borges

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