Editorial

Ciclofaixas

Volta à baila a discussão sobre as ciclofaixas. Nas primeiras reuniões em que governo e comerciantes apresentaram seus pontos de vista estive presente. Nesta última, infelizmente, não foi possível, entretanto pude ler o comunicado da Prefeitura e escutei na rádio Gaivota a entrevista dos comerciantes Jija e Tato. Desde a primeira vez em que o assunto foi ventilado me posicionei favoravelmente à idéia de disciplinar o uso das bicicletas. O que há hoje é vergonhoso, depõe contra a cidade, dá idéia de desgoverno, nos ombreia ao que existe de pior em países do quarto mundo. É bom que seja ressalvado que não é culpa da administração atual. Na verdade eu tenho lembranças de uma Ubatuba cujo centro da cidade terminava onde hoje é a padaria Estrela, que na época já estava lá. Isso por volta de 1971, 1972, quando a atração noturna era comer pastéis no Araca. O trânsito de bicicletas não incomodava. Com a explosão da construção civil e a importação de mão de obra barata, de Minas Gerais e adjacências, a população cresceu e se situou onde era possível. Os imigrantes pobres foram morar onde puderam, isto é, longe do centro. Como todos sabem que a menor distância entre dois pontos é a reta que os liga e como não havia quase tráfego de carros e as ruas eram de terra, começou um tipo de cultura de trânsito que prevalece até hoje. Foram maus hábitos nascidos da necessidade e que estão na terceira geração. Nunca passou pela cabeça dos governos que se sucederam por aqui tomar uma providência. Embora eu esteja na cidade há mais de trinta anos e residindo há cinco, não tenho recordação de ver alguma atitude no sentido de dar um fim ao caos existente. O governo atual resolveu agir. Espero que tenha êxito, mas de antemão faço uma ressalva. Não se mudam processos culturais entranhado na mente do povo, em anos de prática, do dia para a noite. É preciso um trabalho intenso de conscientização, educação e treinamento. Não entendo a necessidade de que tudo aconteça em março. Volto a afirmar, sem pelo menos um ou dois meses de massificação, através de rádio, televisão, faixas, palestras e o que mais estiver disponível, a implantação poderá se tornar um trabalho difícil. Tomando-se os cuidados necessários vai dar certo e será bom para a cidade.


Sidney Borges

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