Viajando...


Valentina, o princípio de tudo...

Família

Acabei de levar comida para o tataraneto de minha sobrinha neta. Uma pizza, prato preferido da família há gerações. Complicado? Valentina, minha sobrinha neta tem quatro anos incompletos. Segundo me contou Cacá, seu tataraneto, ela casou-se aos vinte e oito anos e teve o primeiro filho aos trinta e dois. Esse filho, chamado Alberto também foi pai tardiamente, com quarenta e dois anos, sua mulher deu à luz Fabiana, neta de Valentina. Fabiana engravidou aos trinta e cinco anos e então nasceu Ciro que trinta anos depois tornou-se pai de Cacá, Carlos Alberto na verdade. Ele mora no meu quintal em uma máquina de tempo. O melhor modelo disponível no ano 2160. Com supressores de inércia a vácuo e freio cósmico. Cacá não pode sair da máquina, ele tecnicamente não existe, cometeu uma terrível barbeiragem. Esmagou o avô numa manobra desastrada, quando voltou no tempo para ver se as panquecas que a avó fazia, eram de fato as melhores de São Paulo. Era para um trabalho de escola. Distraído, desligou os alarmes da nave e pousou sobre o avô que colhia manjericão na horta. Agora está preso numa singularidade temporal, não existe mais. Se sair da máquina desaparece. Foi apagado dos registros do universo, matou o avô antes de nascer. Resta o consolo do conforto. Passa a vida na máquina, cujo interior é blindado temporalmente. Neste momento está se divertindo com duas gatas que baixou na Internet de plasma. Dá para ouvir os gritinhos das meninas. São de outra galáxia. Muito liberais. Agora cabe a mim alimentá-lo. Afinal de contas trata-se do tataraneto de minha sobrinha neta que é uma gracinha.

Sidney Borges

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