Prourb

Prezados Sidney Borges e Ronaldo Dias

Desculpem-me se entro em seu diálogo da semana passada sem ter sido convidado. Porém, sobre a Prourb conheço tudo, pois, não só fui um de seus idealizadores como foi minha a sugestão do nome. Sigla resultante da simples associação da ação projeto com o objetivo urbanização, muito comum por esse Brasil afora para identificar programas e empresas de intervenção urbana. Na verdade o nome completo da entidade é Prourb-Praia Grande de Ubatuba, de ação restrita àquele local. Já disse isso milhares de vezes nas inúmeras ocasiões em que, a pedido de diferentes e interessados plenários, expus o projeto de urbanização da Praia Grande, porém, sou levado a pensar que minhas explicações caíram no ouvido de Cunhambebe. Olhares expertos e bocas semi cerradas sussurravam na Audiência Pública: “aí teeeeem” !!!
Em 2002 a pedido do Sr Álvaro Campos (lutador íntegro que se desencantou com Ubatuba e se mandou), fui apresentado ao empresário José Colli, aos senhores Zevi, Paulo Sergio e demais dirigentes da COAMBIENTAL, ONG criada pelo esforço comunitário dos proprietários de imóveis da Praia Grande para implantar a rede de saneamento dos esgotos que lá está, que se mostravam preocupados com os rumos do caos daquela orla. Disseram-me que como moradores do local, decidiram dirigir seus esforços para a urbanização da praia e que para isso precisavam de um projeto para apresentá-lo a empresas privadas que poderiam financiar sua implantação em troca da divulgação de sua marca a exemplo de igual iniciativa em várias cidades de forte apelo turístico. Esclareceram que o convite feito a mim devia-se às minhas constantes manifestações contra o polêmico e atravancador estacionamento existente às margens da rodovia e sua indispensável substituição por jardins e equipamentos de melhor uso coletivo. E como havia necessidade de apresentar às empresas um projeto que justificasse o investimento solicitado, pediram-me também que corresse o risco de ver meu trabalho perdido, ou seja, só receberia meus honorários se a iniciativa fosse bem sucedida. Aceitei e passei minhas idéias para o papel. É bom saber também que, e eu já o disse inúmeras vezes, as empresas fizeram duas exigências além de estarem de acordo com o projeto. A primeira, deveria ser criada uma entidade não governamental constituída por moradores locais que receberia as verbas e faria a administração da implantação do projeto, ou seja, sendo recursos particulares não deveriam ser confundidos nem usados como verbas públicas. A segunda, condicionava sua adesão a adesão da população ao projeto, ou seja, não pretendiam com seus recursos alimentar discussões entre moradores. E mais, sem ter que despender recursos financeiros, à administração municipal compete estabelecer as diretrizes do interesse público e autorizar a implantação do processo, o que foi feito baseado nas Leis Municipais 22147/02 e 2651/05 aprovadas para esse fim. A Prourb foi criada para atender a primeira exigência, registrada em Cartório no dia 14 de julho de 2003 e constituída inicialmente pelo pequeno corpo de moradores que deram início ao processo. Conforme seus estatutos podem a ela se associar quem estiver interessado em realizar seus objetivos e participar internamente de seus trabalhos. Basta querer e se sentir motivado para isso. É tudo limpo e transparente, porém, sendo uma empreitada de grande envergadura que mexe com interesses e privilégios constituídos há mais de trinta anos é aqui que a segunda exigência esbarra e que pode inviabilizar o projeto.
Por fim, sobre tudo que vem ocorrendo devo ainda dizer que mudar Ubatuba é tarefa do cidadão em seu conjunto, e para isso é preciso que os que estejam de acordo com as mudanças também se manifestem com a mesma força com que se manifestam os que estão contrários.

Arquiteto Renato Nunes

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu