Continuísmo ou circo?

Gerson Florindo*
Entra governo e sai governo e a prática é a mesma. O clubinho de amigos sempre juntos, se protegendo como caramujos dentro da casca, não existe nada de novo. Usam dos mesmos argumentos que os antecessores. O objetivo é agir espertamente, talvez para impressionar algum espectador desatento ou afoito. Manobristas políticos de primeira! Na tentativa de enganar sempre, colocam o discurso da doce ilusão; trabalhamos com o orçamento dos outros, o ano que vem será diferente. Prometem mudanças, alterações, renovação, mas o time continua o mesmo, ou pior. Aquele secretário, assessor, conselheiro, que evitava confusões foi exonerado, mas o discurso diz que não, “ele pediu demissão!”.
É a mesma prática dos anteriores, que acabaram com os prédios históricos, tiraram os atrativos turísticos, tornaram precária a saúde, expulsaram turistas. Justificam com esperteza que derrubaram a amendoeira centenária após falar que estava contaminada. Se estava, continua contaminando o outro lado da cidade. “Invente um laudo e replante em outro lugar”.
Sempre há um argumento conservador e coronelista usado por aqueles que trabalham para o governo e se arrepiam com medo de mudanças ou transformações. Atacam os atos de conscientização e falam de boca cheia: “ele esta fazendo isso por questões políticas”. Na ilusão míope de que política é uma coisa ruim. Podem fazer política somente eles e do jeito deles, os demais devem obedecer e continuar calados, mesmo que essa política seja para defender apenas interesses particulares. Mas para que serve a política afinal? Imagina-se que seja para melhorar a vida da sociedade, das pessoas. No dicionário política significa habilidade no trato das relações humanas. A arte e a ciência de cuidar dos negócios públicos, de acertar em uma estratégia, diálogo ou negociação. Solucionar conflitos que não são técnicos, jurídicos ou administrativos. O que fazem estes artistas políticos de Ubatuba? Invertem os conceitos e os valores da política. Cometem crimes e ofensas à democracia, inibem o principio da soberania popular e da distribuição eqüitativa de poder ao povo.
Fazem da política a picuinha, o fisiologismo, as negociatas que a transformam em politicalha. Na outra ponta o vereador também toma seus rumos de oportunismo individualista. A população é uma mera platéia que no silêncio, calada, assiste ao espetáculo com muita paciência. Alguns rebeldes reclamam no ônibus, com a esposa em casa, na mesa do bar, mas no minuto seguinte, logo esquecem, faz de conta que não é com eles. Outros escrevem nos jornais participam de movimentos sociais, associações de moradores, mas logo são convencidos pelo principio conservador ou por preconceito, a renunciar a uma linha política mais avançada. Assim caminha a humanidade, “como dizia o nosso saudoso poeta Cazuza”.
Voltando a afirmar a prática do continuísmo, onde esta o governo participativo? A reforma administrativa? O plano diretor participativo, o funcionamento dos conselhos municipais.
Enquanto isso continuamos pagando IPTU. Um dos mais caros do país. As ruas e estradas permanecem esburacadas, sinalizando a estagnação da cidade, que permanece sem projeto de desenvolvimento no curto, no médio e no longo prazo.
São por essas e outras razões que vou defender o afastamento da marca do PT do governo. Até porque os compromissos de campanha foram deixados de lado e a participação do partido é tímida. Não há como manter a legenda atrelada à falta de responsabilidade reinante, que grita aos olhos de todos. Os tiranos não querem o progresso. Os tiranos acabam.
Tomás de Aquino diz “a atribuição concreta da autoridade é feita pelo povo”. Este governo está escandalizado, porque não existe uma autoridade para o povo e sim para uma minoria de privilegiados e meia dúzias de evangélicos isolados das demais religiões. Se não defende a maioria é um governo tirano. “Onde esta o amor ao próximo? Quem ama seu próximo cumpre a lei”: (Paulo, Rom, XIII, 8).
*Diretor do Sindicato dos Bancários e vice-Presidente do PT - Ubatuba SP

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