A ADMINISTRAÇÃO JÁ PENSADA

Ernesto F. Cardoso Jr.
Administrar é, em suma, como GERIR e GERAR. No âmbito do GERIR estão as responsabilidades de rotina que ao administrador cabe supervisionar, mas, cuja responsabilidade operacional ele incumbe aos seus diretos auxiliares. No âmbito do GERAR é que se situa a específica arena do administrador, na qual ele deve deixar sua marca pessoal, criativa, inovadora e tanto mais quanto ele se aproxime do topo da pirâmide.
Administrar é ciência seguida de prática e experiência. Este é o ordenamento moderno de todas as profissões técnicas. Em nosso meio, onde o ensino da ciência da administração é relativamente recente, aqueles que amealharam sucesso administrando a seu modo, tendem a valorizar a experiência e prática acima da ciência, invertendo e desorganizando o processo. Nos paises desenvolvidos, onde a pesquisa científica é o mote de seu progresso em todas as áreas, na administração, os cursos de MBA são condição necessária ao ingresso nos altos postos da carreira de Executivo. As melhores universidades americanas, há mais de século, imitadas depois pelas européias, seguidas das asiáticas e atualmente, também, pelas sul-americanas, comprovam pelo currículo multidisciplinar de seus cursos de graduação e pós-graduação - MBA, para cuja admissão exige-se formação acadêmica prévia, que a administração é ciência composta, ou derivada, de diversas ciências e técnicas e que como tal enriquece-se com a prática e a experiência do acadêmico, do graduado, do pesquisador, do cientista e, também, do executivo formal. É exigência corrente na admissão aos cursos de pós-graduação – MBA, ser um “undergraduate”, (bacharelato, diríamos aqui) em áreas afins – engenharia, matemática, fimamças, contabilidade, psicologia, estatística, economia, relações internacionais, etc. O que se almeja é, exatamente, mesclar todo o conhecimento acadêmico pertinente e fundi-lo de molde a produzir um executivo de amplo espectro, de larga visão, de abalizados conhecimentos, de aguda e perspicaz inteligência.
Como comumente se apregoa, administrar é alcançar resultados através da ação de terceiros. O executivo, todavia, não está sozinho neste afã. Na realidade todo aquele que lidera pessoas em busca de determinados objetivos, em qualquer área da atuação humana, da mesma forma busca obter resultados através delas. Daí a necessidade de se ter bons conhecimentos de Psicologia, em especial Social. Saber lidar com pessoas e em equipe pode ser intuitivo, mas, será bem mais produtivo e consistente se houver ciência.
No mundo globalizado em que as empresas hoje se situam, não importa se seus mercados são locais, regionais, nacionais ou multinacionais, ao administrador incumbe entender solidamente macro e microeconomia. Quanto mais sólidos forem seus conhecimentos destas variantes da Economia, tanto mais capaz será de entender a equação em que se situa sua empresa, as forças que o constrangem, os fatores que o limitam, as incógnitas que precisa aquilatar e daí derivar as oportunidades que se apresentem e o futuro que se delineie. Será, assim, capaz de esmiuçar esse futuro, transpondo-o para um planejamento sólido de médio e longo prazos, capaz de traçar caminhos, objetivos, planos e estratégias, para o desenvolvimento sólido da empresa e de seus negócios. Sem esse instrumental lhe será muito difícil abarcar, por exemplo, as conseqüências e implicações das negociações que se desenvolvem atualmente no âmbito das Relações Internacionais de comércio na criação das zonas aduaneiras, das áreas de livre comércio; as intrincadas negociações na OMC – Organização Mundial do Comércio, nas constantes rodadas de abertura comercial para produtos e serviços. Tudo isto tem implicações diretas sobre negócios em geral.
Assim como em Economia, o conhecimento de matemática avançada – cálculo integral e diferencial, programação linear, análise combinatória, estatística, são ferramentas indispensáveis à análise econômica, na administração de grandes conglomerados que atuam em acirrada concorrência, essas ferramentas tem de fazer parte do acervo de conhecimentos do administrador, atualmente facilitadas pela aplicação na informática de softwares analíticos, outro área de conhecimento indispensável à tomada de decisões em base científica, longe do empirismo de antanho.
Na confluência destas e de outras ciências e técnicas desponta o marketing científico, como que síntese de tudo o que o administrador deve saber, ciência imprescindível ao bom desempenho de qualquer empresa mercantil.
GERAR é, pois, fazer nascer, criar, dar condições de crescimento, expandir mercados, ganhar o bom combate da concorrência.
Por tudo isto e muito mais, administrar é como GERIR e GERAR. Os que apenas GEREM (gerir), ocupam os escalões subalternos. Os que se capacitam para GERAR, adquirindo conhecimento científico fundamentando sua experiência, prática e talento, são os que assumirão o topo da pirâmide. Mais que os governantes, no mundo atual, os Executivos de conhecimento e talento são os maiores promotores do progresso e bem-estar dos povos.
efcardosojr@uol.com.br
MBA e Bacharel em Economia
Ex-Executivo em várias grandes empresas e projetos

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